sábado, dezembro 22, 2007

Algumas injustiças

No post anterior disse que estava também um bocado enraivecido. Passo a explicar


Se, por um lado, tenho consciência que a minha média de curso é um bocado merdosa - 13,857 para ser preciso - sei, por outro lado, que noutras faculdades as médias são um pouco inflacionadas. Isto porque tenho colegas que concorreram a hospitais de Lisboa, e com médias de curso a rondar 14,5 não conseguiram lugar em nenhum. Isto, porque todos os anos tem sido assim - as médias em Lisboa são sempre mais altas... O que me leva a reflectir em 2 pontos:
1. No acesso ao ensino superior, a média de entrada do último colocado, é invariavelmente maior no Porto.
2. Os alunos de Lisboa são melhores?

Estes são devaneios da minha cabeça, agora vamos aos factos. Durante o 6º ano, tive de defender todas as notas que fossem acima de 16 valores (por defender entenda-se exame oral). Sei em Lisboa isso não acontece (nas outras faculdades não sei como é). O que acontece é que sem grandes dificuldades se tem 20 valores na maioria das cadeiras.
Outro facto é que, se eu tivesse 20 na maioria das cadeiras do 6º ano, a minha média seria muito melhor. Isto porque só fui defender 2 notas: Medicina (que subi para 18, a muito custo) e Ginecologia/Obstetrícia, que fiquei com 17.

Não me parece, portanto, justo que avaliações objectivamente diferentes sirvam para seriar pessoas num concurso. Ou se tenta retirar o máximo de viézes possível, ou continuaremos perante um concurso injusto, que premeia algumas faculdades em detrimento de outras. A isto se alia o facto de os alunos que vêm de faculdades estrangeiras verem o seu esforço ir por água abaixo, quando vêem o 10 na pauta de seriação.

Tem-se falado na ponderação das médias - equiparação entre as médias de todos os cursos - mas pouco se tem feito... Talvez num futuro próximo se tente mudar uma situação que ainda é injusta.

sexta-feira, dezembro 21, 2007

Location, location, location

Saiu ontem de tarde a lista provisória das colocações no Ano Comum. (acho que pela primeira vez a ACSS faz alguma coisa rapidamente.. cheira-me que finalmente puseram os computadores a trabalhar)

A lista é provisória porque, segundo tenho conhecimento (diz que disse), todos os anos há diversas gralhas na lista inicial, desde pessoas que simplesmente não aparecem, a pessoas que não foram colocadas em determinado Hospital, tendo média superior ao último colocado.
Assim, a ACSS publica a lista provisória, a que se segue uma definitiva, a 28 de Dezembro.
Pelo que se lê no ponto 7.6 do regulamento do concurso, previsivelmente começaremos a trabalhar dia 21 de Janeiro, porque, apesar de esse ponto se referir aos que efectuaram exame na 2ª chamada, não encontrei outra data para início do Ano Comum...
"7.6—Os candidatos que realizarem a prova na 2.a chamada serão
distribuídos pelos estabelecimentos de formação do ano comum
sobrantes, de acordo com os critérios referidos no número anterior,
ingressando no internato, previsivelmente, em 21 de Janeiro de 2008."


Eu fiquei colocado no Hospital de Santa Maria Maior, em Barcelos - a minha 7ª opção. Fiquei contente, porque (como já tinha manifestado), era importante para mim ficar perto do Porto. Por curiosidade, aqui está o mapa com as opções que eu considero viáveis:


View Larger Map

Neste momento estou num misto de sensações.
Por um lado contente - consegui o que pretendia
Por outro menos contente - se ficasse no Porto tinha sido melhor
Por outro, amedrontado - e se na lista definitiva as coisas piorarem?
Por outro enraivecido.

Expectativas: tutores top mundial, colegas fantásticos, nível de aprendizagem elevado, exigência alta, mas sem arrogância.

Expectativas em baixo, não?? =D

quarta-feira, dezembro 19, 2007

Viajar em 2008

O New York Times elaborou uma lista de 53 lugares a visitar em 2008.

A um deles vou de certeza: Lisboa, que ocupa a 2ª posição!

Para quem gosta de viajar, este tipo de posts dão para ficar a sonhar acordado durante uns momentos, enquanto se faz a lista final das opções para o Ano Comum =)

Fonte: pplware

terça-feira, dezembro 18, 2007

A escolha de um ano

O que é um ano, para além de 365 dias, e umas tantas horas?

Pode ser muitas coisas.
- Pode ser um ano inútil, perdido, como o que tive quando chumbei no 3º ano da faculdade, com 3 cadeiras: Neuroanatomia (semestral), Histologia (anual) e Imunologia (anual). Um dia contarei o atribulado percurso que tive nos 3 primeiros anos do curso de Medicina.
- Pode ser um ano semi-sabático, como o que tive em 1999, por não ter entrado à primeira na Faculdade.
- Pode ser, entre muitas coisas, mais um ano de vida. Mas como dizia o meu querido Professor Mota Cardoso, no meu juvenil 2º ano da Faculdade: "Encham os anos de vida, e não a vida de anos"

Assim, tenho reflectido muito sobre isso. Tenho reflectido sobre estes 6 meses de estudo que aparentemente não foram aproveitados ao máximo. Tenho meditado como será o ano que se avizinha. Este 2008 redondo, que pode ser um ano de aprendizagem - é o que eu espero deste Ano Comum. Tanto para aprender e conhecer no mundo da Medicina, mas por vezes encontramos no nosso caminho pessoas que não têm muita vontade (ou sabedoria) para nos mostrar alguma luz.

Hoje estive a elaborar a minha lista de escolhas para o Ano Comum. Como a minha média de curso fica pelos 13,85 não posso escolher os hospitais preferidos, no centro das grandes cidades.
No entanto, pelos relatos que tenho tido de outros colegas, nem sempre isso é o mais importante:
- uns, em grandes hospitais, sentem-se desprezados, e sem um papel bem definido, que por vezes não passa de assistente pessoal do Tutor
- outros, em hospitais mais periféricos, de menores dimensões, em que a disposição dos Colegas mais velhos para ensinar aquilo que sabem chega a ser comovente, tal a entrega.

Para mim, as pessoas que se cruzam no meu caminho são como jogar na lotaria. Tanto posso encontrar alguém que me marca e me ensina coisas que nunca esquecerei, como encontrar pessoas que me fazem arrastar pelo hospital como uma massa amorfa inútil.

Ao fazer a minha lista de opções, almejei encontrar pessoas que me marquem, que me ensinem, e que façam este ano valer a pena em termos profissionais, porque viver fora do meu Porto e longe do meu Amor vai ser um sacrifício pessoal - mas que poderá ser largamente compensado por uma grande aprendizagem...

Desejo a todos boas escolhas, e que aprendam muito este ano!!

segunda-feira, dezembro 10, 2007

Uma semana passou

E passou muito bem: em férias!

Como muitos devem saber, esta foi uma semana agitada para qualquer IAC "wannabe" (sim, uma vez que ainda não tenho hospital para trabalhar, sou um wannabe). Por um lado, a ressaca do monumental exame - a PNS, como lhe chama a ACSS. Por outro, as reclamações a perguntas da prova, que julgamos não terem sido bem corrigidas.

Para quem não sabe, processa-se da seguinte forma: cada (ex-)aluno fica com o enunciado do exame. Se fôr esperto, escreve no enunciado as respostas que deixou na folha de respostas (entregue aos "vigias" no fim das 2h30) - assim, no dia seguinte, quando sai a chave provisória, pode conferir as perguntas que acertou e as que não acertou.

Como disse nos posts anteriores, eu acertei 68 perguntas. Mas das 32 que falhei, considero que 15 podem ser consideradas correctas - quer seja por ambiguidades nas questões, quer por haver várias respostas correctas (o que, infelizmente é frequente).
Assim, passei a semana a re-estudar o Harrison, para enviar as minhas reclamações bem justificadas; umas mais consistentes, outras menos.

Entretanto, surgiram relatos em diversos lugares de um certo anfiteatro em Lisboa, em que o exame terá sido uma rebaldaria, desde exames realizados em grupo, a consultas ao Harrison de bolso; parece que de tudo um pouco se passou, com a conivência das pessoas que vigiavam o exame. (podem ler mais relatos e discussão aqui, no fórum do Médico Interno).

Por essas razões e por outras, várias pessoas decidiram juntar-se e redigir um abaixo assinado, que foi enviado para o Ministro da Saúde, Secretário de Estado da Saúde, Bastonário da Ordem dos Médicos, Membros do Júri da Comissão de Internatos Médicos, no sentido de apresentar uma reclamação formal, como forma de manifestar a indignação contra os factos ocorridos.

Entretanto, por outro lado, foi também redigido um manifesto por alguns alunos da Faculdade de Medicina de Lisboa, que terá sido também enviado para as entidades já referidas. (também pode ser lido no fórum do médico interno).

No final de contas, parece-me que se discutiu muito, tentou-se fazer algumas coisas, mas parece-me que nada irá acontecer. Acima de tudo, espero que tenha servido de "wake-up call" para as entidades que regulam este exame: além de achar que é desajustado e que muito pouco significa na nossa formação como Médicos e como Pessoas, as várias irregularidades que se têm sentido nos últimos anos, põem em questão a própria existência de tal exame. As condições de realização variam de local para local, com salas extremamente rígidas e outras em que reina a permissividade. Além disso, exames como a PNS2007 A e B, com 6 perguntas anuladas, levam-nos a pensar que quem elabora a prova, no mínimo, está distraído.

Eram estes os desabafos que tinha da semana que se passou...
Esta semana parto para 5 dias em Londres, que me saberão pela vida.

PS- desculpem os inglesismos, que me irritam, mas acho que por vezes há expressões que fazem mais sentido noutra língua.

PS2- digitalizei o meu exame, para quem quiser ficar com uma cópia limpinha da PNS2008. Está aqui ao lado o link para fazerem download da mesma.

domingo, dezembro 09, 2007

Wii for the cure

Aqui há uns tempos, falei da minha consola wii, e de como pode ser óptima para descomprimir e divertir um bocado.

Ao visitar um blog de tecnologia que costumo acompanhar (www.pplware.com) descobri que a Wii está a ser usada por fisioterapeutas, como complemento do programa de reabilitação em doentes com limitações físicas causadas por diversas condições, como AVC ou lesões cerebrais.

Há coisas fantásticas, não há??

Mais informações aqui.

segunda-feira, dezembro 03, 2007

Respostas a comentários

Obrigado Tienhuan pelo apoio... Realmente das poucas coisas que consegui manter no exame foi a calma, pois a lucidez passou-me um bocado ao largo =)

Claro que o mais importante é o lugar relativo na tabela, mas mesmo assim tinha ambicionado sair-me um bocadinho melhor.. Enfim, sei de amigos meus que se esforçaram ainda mais que eu, e esse esforço não foi recompensado...

Agora, friamente, vejo erros de palmatória que cometi: por exemplo, numa pergunta acerca dos mecanismos de anemia na Insuf Renal Aguda, era óbvio que o mecanismo não incluido era a ferropenia, uma vez que demora meses a instalar-se.. Como é que isto no exame não me pareceu óbvio? Onde estavam os meus queridos neurónios??

Para Catarina, pensa assim, se calhar se tivesses espreitado para o lado, terias ficado mais insegura, e mudado algumas respostas que tinhas posto bem... O mais injusto é saber que houve quem tivesse copiado muito...

nonsense: também eu pensei, ingenuamente, que seria assim. Fiquei mais ou menos escandalizado, quando em Julho, em conversa com alguns colegas do ano anterior, percebi que isto acontecia sempre. Não queria acreditar, porque pensava que era impossível. Mas no dia do exame realmente percebi: por um lado os vigilantes são algo permissivos. Com que cara iriam anular o exame a uma pessoa que estudou para isso largos meses ou mais? Somos um povo que tem muita pena do próximo... Por outro lado, apesar de pensar que todos seriamos responsáveis para olhar só para o nosso exame, a pressão e desespero do momento por vezes é mais forte. E como nunca ouvi falar de um exame que tivesse sido anulado (antes pelo contrário), muita gente aproveita isso.

Enfim, um sistema mais rígido beneficiaria toda a gente, uma vez que seria mais justo...

Tunes