terça-feira, janeiro 31, 2006

Tá um frio na FMUP…

Hoje não se aguentava o frio nas aulas de Nefrologia. O Anfiteatro novo A, de novo só tem o nome, porque até o aquecedor é pré-histórico. “não me pagam para dar aulas nestas condições!” “nós não pagamos 900€/ano para ter aulas nestas condições”

Entretanto, o rim é um orgãozinho mesmo lixado. Não é fácil compreender tudo o que ele faz, por isso as aulas de Nefro não têm sido fáceis. E infelizmente vão ser só 2 semanas. Vou ter que pedir ajuda ao tio Harrison (se tiver coragem).

segunda-feira, janeiro 30, 2006

Exame de Oftalmologia

Foi dia de exame. Difícil, muito estudo.

Fiquei triste porque o exame não focava o que foi dado nas aulas. Consegui fazê-lo, mas acho que certas perguntas foram mesmo despropositadas. Andamos duas semanas a aprender as oftalmopatias mais importantes e mais frequentes, para depois nos serem feitas perguntas mesquinhas e sem interesse…

Começou o novo bloco – Nefrologia. Não consegui estar atento nas aulas (ressaca de estudo de última hora).

Entretanto: Segundo a Associated Press, já foi aprovado nos estados unidos a primeira insulina inalável! Poderá vir a trazer melhorias significativas na qualidade de vida dos doentes com diabetes. Podem ver a notícia aqui http://msnbc.msn.com/id/11062591/ ou aqui em português Insulina inalável aprovada na Europa e nos EUA

quinta-feira, janeiro 26, 2006

Dia 26

Hoje tivemos a última aula de oftalmologia. Foi tão rápido que nem as vi passar. Tenho pena que o contacto com algumas especialidades seja tão rápido. Agora que começávamos a perceber alguma coisa – ploft, acabou.

quarta-feira, janeiro 25, 2006

Dia 25

Hoje aprendi doenças das pálpebras e aparelho lacrimal. Não foi muito interessante.

Passei a tarde na faculdade a estudar. Ao ver os colegas mais novos, do primeiro ano, a estudar anatomia, fiquei cá com uma nostalgia dos tempos em que ficava com o meu grupo de estudo, até altas da madrugada a estudar, a conversar, a rir, a desesperar, a fumar cigarros, a beber red-bull… tantas emoções passamos juntos nesses estudos intensivos. Na altura era um suplício, mas hoje olho para essas noitadas com um sorriso.

O estudo destas mini cadeiras tem essa perversidade: é tão rápido que nem dá para ficarmos íntimos da matéria! É como um “one night stand” – é muito bom, mas no dia a seguir, de pouco nos lembramos…

O prof. assistente contou como era diferente na altura em que ele entrou para a faculdade (há pouco menos de 20 anos). O numerus clausus era 40 (vs os 250 que entraram este ano). As turmas tinham 5 alunos (vs os 30 de hoje), e o rácio professores/alunos era 1 para 1. Assim se aprendia boa medicina.

Hoje, vai-se aprendendo…

terça-feira, janeiro 24, 2006

Dia 24

A aula de hoje foi sobre Neuro-Oftalmologia. Um tema que veio complicar tudo. Não é fácil compreender todas as causas de hipovisão devido a interrupções na via nervosa.

segunda-feira, janeiro 23, 2006

Dia 23

Dia 23

Hoje discutiu-se estrabismo e ambliopia, um tema interessante. Tenho vindo a descobrir que me interessam mais os temas que têm alguma física e/ou química. Prefiro um estudo em Medicina mais orientado para o funcionamento de um órgão, do que decorar sinais e sintomas. Se calhar andei até agora a estudar mal: estudar as doenças sem ter uma base mais aprofundada do órgão… parece que os três anos de teoria serviram para pouco…

Por outro lado, como é possível ficar a saber suficiente numa cadeira de 15 dias?? A minha má experiência com Dermatologia e Ortopedia reflecte isso mesmo. Sei que sou raro no meu curso por não ter tanto sucesso quanto esperava nestes blocos pequenos, mas considero que 2 semanas não é tempo suficiente para me preparar, para sequer entrar na cadeira. Já devia estar habituado ao estudo à pressão, a esta altura do campeonato, mas ainda não estou… espero um dia não ser mau médico por causa disso…

Tivemos aula prática com outro assistente (que ficou assim com 9 alunos – coitada da doente que nos aturou!), devido ao problema mencionado na 2ª feira passada…

sábado, janeiro 21, 2006

Dia 17

Dia 17

Assistimos à consulta de Oftalmologia. O nosso professor assistente é um castiço: um médico ainda bastante novo, bem disposto, com vontade de nos ensinar alguma coisa.

Realmente o que diziam do serviço de Oftalmologia é mesmo verdade: 400 doentes por dia!! É sempre a aviar! Nunca tinha visto um serviço onde entrasse e saísse tanta gente. O ambiente entre os médicos é bastante bom: hoje falavam acerca das multas por excesso de velocidade, e apreensões de carta (image placeholder)

Depois de assistirmos à consulta, tivemos uma sessão teórico-prática com o nosso assistente.

Para já estou a gostar bastante te Oftalmologia. É uma medicina diferente, bastante específica, mas com uma componente prática aliciante. Se tudo correr bem, 5ª feira vamos assistir à cirurgia de cataratas, e perceber a minuciosidade da cirurgia oftalmológica.

quinta-feira, janeiro 19, 2006

Dia 16

Dia 16

Hoje começa um bloco diferente – Oftmalmologia. Vamos lá ver olhinhos.
Tenho pena que seja um dos blocos expresso: só duas semanas. Será que vamos ficar a saber alguma coisa, ou daqui a uns anos só nos lembramos que as conjuntivites dão nos olhos? Enfim…

Só tive aula teórica. O regente é simpático e prestável, o que é bom para variar… e acima de tudo, a cadeira está bem organizada, o que também se começa a tornar improvável na minha faculdade.
Não houve aula prática, porque o meu assistente é voluntário (isso mesmo, a faculdade NÃO tem corpo docente suficiente para tantos alunos), e à 2ª feira é o dia de folga dele.

Apareceram na nossa turma duas brasileiras “erasmus”. Intriga-me escolherem Portugal como destino. Adoro a minha cidade, mas imagino que viver no Brasil seja bem mais interessante! Apesar disso, gostei muito e fiquei amigo das brasileiras que tive o prazer de conhecer no ano passado, na faculdade. Por isso, acho bom que venham! São bem dispostos e sempre com “alto astral”, o que é bom…

terça-feira, janeiro 10, 2006

Dia 7

Dia 7

Hoje tive exame prático de Cirurgia. O objectivo era enquadrar a nossa aprendizagem num contexto de indpendência do docente, capacidade de colher a histórica clínica de um doente, avalia-la e tentar elaborar um diagnóstico, bem como proposta de tratamento.

Correu bastante bem, apesar de não termos tido qualquer acompanhamento do doecente, uma vez que este se encotrava no bloco a operar “colhem a história ao doentinho numa hora, escrevem-na noutra hora, e depois discutimos”.

O “meu” doente (nós estudantes, temos sempre esta forma condescendente/paternalista de tratar os doentes) coitado, mal se mexia… fez um grande esforço para me aturar durante uma hora a perguntar-lhe as coisas mais estapafúrdias que fazem parte de uma história clínica completa. Mas enfim, no meio dessas dores e desconforto, lá consegui (e ele também – livrar-se de mim). Era mais um senhor com uma pancreatite crónica, provocada pelo etilismo excessivo (sim, andava nos copos… depois o corpo é que paga)

A discussão correu bem, aparte de uma ou outra resposta menos brilhante.

Agora seguimos para exame teórico 5ª feira

Dia 6

Dia 6

Hoje foi dia de descanso: às vezes também é preciso

sexta-feira, janeiro 06, 2006

Dia 5

Dia 5

Hoje foi um dia difícil – muito sono.
Logo pela manhã, o prof. Assistente baldou-se: havia uma reunião sobre “obras 2006-2010: o futuro do HSJ”. Assim sendo, eu e os meus dois colegas de grupo andamos de um lado para o outro a tentar arranjar algo útil para fazer. Um deles estava desesperado para picar os doentes (o que a mim não me entusiasma nada), e ainda fizemos um ECG a um doente que ia para o bloco. Claro que não havia gel para os eléctrodos, mas enfim, lá saiu um bocadinho mais tremido.

Chateamos alguns doentes para lhes palpar as dores, até que finalmente desistimos e fomos estudar um bocado..

A aula da manhã com o Regente foi interessante – cirurgia bariátrica. Deu para ter uma perspectiva aterradora da obesidade no mundo e em Portugal, e perceber que a “banda gástrica” de que tanto se fala, não é o tratamento milagorso. Os doentes sofrem (e não é pouco) porque fazem uma dieta à força.

A todas as pessoas que pensam emagrecer da forma fácil, desenganem-se. Só há uma forma: comer menos e fazer mais exercício. É muito simples.

À tarde foi a aula sobre pancreatite aguda. Ai que eu não quero ter uma! Mas é ter cuidadinho com o álcool e comidinhas pesadonas!

quinta-feira, janeiro 05, 2006

Dia 4

Dia 4

Hoje fui para o bloco cirúrgico.
Vi duas colecistectomias (remoção da vesícula biliar). Estava com mais uma colega na sala, que o cirurgião convidou para ajudar. Fiquei triste por não ser eu, mas na minha faculdade é sempre assim – nunca dá para todos.
Eu, antes de entrar para a Faculdade de Medicina era dos que achava: “vagas? quantas mais melhor!” “se são precisos médicos, formam-se mais!”. Hoje sou vítima dessas próprias afirmações – o aumento do numerus clausus levou a uma inevitável deterioração do ensino, em primeira instância por falta de recursos. Como é que uma instituição criada para receber cerca de 100 alunos/ano pode abarcar o mais do dobro?
Sofro eu hoje, sofrerão os doentes amanhã? Espero que não.

Depois disso tive uma aula teórica sobre tumores hepáticos. Discutia-se “deprimem-me os tratamentos paliativos – é desesperante não ter mais nada para oferecer ao doente”, ao que o professor respondeu “eu na tua idade também pensava assim – tenho 60 anos de vida pela frente, 6 meses não é nada. Mas acredita que dar mais 6 meses de vida a uma pessoa que só espera ter 2,  é triplicar-lhe a esperança de vida (sobretudo se for com qualidade).” Fiquei pensativo – então afinal o paliativo pode ser muito bom…

segunda-feira, janeiro 02, 2006

Hoje foi mais um dia

Hoje foi mais um dia em Cirurgia. A manhã passou-se sem grandes ocorrências: andamos de um lado para o outro no serviço, atrás do professor assistente, a fingir que aprendíamos alguma coisa.
Infelizmente, parece que o ano não começou bem. Não temos aprendido nada de novo, não por falta de estudo mas por total desorganização do serviço. Não sei bem o que andamos para lá a fazer, e atrás de quem.

Ainda colhemos a história a um homem com uma pancreatite aguda, que alegremente nos dizia “Álcool? Até cair para o lado”…
Aqui dói? “Sim”, e aqui? “Também”
Ó colega, não é assim que se palpa, é assim
“Então se dói, não diz que tem defesa?” – ora essa, o doentinho não disse “AI!!”

E pronto, assim passa mais uma manhã…

domingo, janeiro 01, 2006

Assim começa

Fiz um blog.

Nele vou pôr todos os devaneios que, como estudante do 5º ano de medicina, me passam pela cabeça e pelo corpo. Não pretendo ser moralista nem educador, apenas relatar a minha experiência para os outros, e guardar o meu dia-a-dia para mim.

Tunes