O segundo dia foi cansativo mas gratificante. Começou às 9h da manha no centro de saúde. De manhã estive a assistir à consulta no SAP – serviço de atendimento permanente. Foi uma manhã animada, com muitos doentes e poucos recursos. Apesar disso o CS está bem apetrechado com sistema informático de apoio ao médico, o que permite ter a um clique todo o historial do doente, as prescrições, etc. Acho que é o padrão nos centros de saúde de Portugal.
O almoço ao meio-dia – maravilhosamente confeccionado pela D. Clotilde: panados com arroz de legumes. A nossa ementa era a mesma dos doentes – bem se come neste hospital, pensei eu!
A tarde continuou em consulta, mas com um dado novo: dei a minha primeira consulta! A principio o medo, depois a dúvida e insegurança, no final, a satisfação! Apesar de totalmente inesperado (pois na parte urbana deste estágio nunca fiquei sozinho), fiquei contente por ver a confiança que o tutor depositou em mim, depois de dar 2 ou 3 consultas com ele.
Reinou um misto de sentimentos. Por um lado querer compreender as necessidades do doente, por outro lado perceber as suas manhas. Se, por um lado há doentes que simplesmente ficam felizes e aliviados por terem ali alguém para os ouvir, sentindo-se por isso confortados, outros há que entram num consultório não para uma consulta, mas para apresentar uma lista de exigências que não admitem ver incumpridas.
Acho que saber lidar com todos os tipos de doentes só se adquire com a prática - o que me falta, e muito. Aos doentes mais compassivos senti vontade de abraçar e confortar, enquanto que com aqueles mais exigentes tive muita dificuldade em sequer estabelecer uma relação de empatia (a base da relação médico paciente). Nessas consultas lembrei-me muito das aulas de Psicologia no 2º ano da faculdade, em que aprendíamos técnicas de entrevista e a “desarmar” os doentes – parecia tão mais fácil quando praticávamos uns com os outros =)
Assim correu o dia todo, no meio de gripes, otites, artrites e outras patologias, outras dúvidas…
À noite, fomos afogar as mágoas e festejar as alegrias para o Centro Cultural do Mestre José Rodrigues, um espaço fantástico no centro da Cidade, equipado com cinema, salas de exposições e um brilhante café que fica aberto até às duas da madrugada.
Fui dormir, cansado, mas realizado.
Informações sobre Alfândega da Fé: aqui e aqui.
Sem comentários:
Enviar um comentário